
O conjunto das cenas de ação é o destaque do filme, muito por conta de dois nomes: o diretor Sam Hargrave, que estreia no comando de longa-metragem, e o roteirista Joe Russo. Hargrave não tem receio de mostrar a violência das brigas, tiros e sangue. Dá para sentir o peso dos chutes e socos. Tyler bate muito, mas também apanha até dizer chega. Em uma das diversas cenas de ação, o diretor realiza um enorme plano-sequência em uma perseguição à lá 1917 e seus cortes escondidos. Com a sensação de câmera na mão, o espectador é colocado no meio da tensão.
Quando o longa dá uma ou duas daquelas tradicionais freadas para tentar criar uma conexão entre Tyler e o menino Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal) ou estabelecer algum tipo de passado mais relevante para o protagonista, o que inclui a participação especial de Harbour que cai de paraquedas na trama, percebe-se imediatamente que teria sido melhor se tudo fosse mesmo uma pancadaria sem fim, sem respiro e sem diálogos que não fossem exclusivamente ligados a ela - a amizade dos dois.
A trilha musical é usada com muita parcimônia e quase não está presente nas sequências de ação, tornando as cenas mais reais. A falta de música pode até causar um estranhamento no começo, mas a imersão acontece por meio do capricho do diretor nesses momentos.
Quanto às atuações, Hemsworth é o único ator que realmente se destaca no filme, provando que consegue viver outros tipos de heróis que nem sonhávamos em ver no Deus do Trovão do MCU. David Harbour tem bem pouco tempo de tela e seu personagem serve apenas para levar a narrativa adiante, assim como quase todos os outros personagens no longa.
Resgate, mais um produto original da Netflix, não chega para revolucionar os filmes do gênero de ação e nem tem essa pretensão. Mas mostra que é possível ser criativo, e sempre estar inovando uma coisinha ou outra dentro desse gênero que já é tão clichê.

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