
A trama principal gira em torno de Arthur Curry (Jason Momoa) aceitar o lugar que ocupa dentro da civilização de Atlântida, e impedir que seu irmão, o Príncipe Orm (Patrick Wilson), declare uma grande guerra contra “o povo da superfície”, termo usado para se referir a todos aqueles que não vivem nas profundezas do oceano. No meio disso tudo, surge o vilão Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II), que partiu numa jornada de vingança pessoal, jurando morte ao Aquaman.


O principal trunfo do filme está no fato de que, mesmo que se fossem removidos os elementos fantásticos, o longa ainda seria um excelente drama. O conflito entre Arthur e Orm lembra, ainda que vagamente, as disputas de poder entre o Príncipe Hamlet e o Rei Cláudio, em Hamlet, de William Shakespeare, com o roteiro de David Leslie Johnson e Will Beall trazendo esses conflitos para um contexto atualizado e inserido no mundo dos super-heróis.
Outro ponto positivo do roteiro é ser econômico ao contar a origem do herói. Nada de mostrar toda a jornada, da descoberta dos poderes, treinamento e clímax. O Aquaman já começa o filme como uma figura pop ao redor do mundo.
Se a Marvel trouxe elementos de roteiro que juntos já são chamados de fórmula, Aquaman pega emprestado uma boa parte deles. O mais notável é como o longa consegue aplicar esses elementos sem de fato utilizar dessa fórmula como um guia. O ponto mais evidente disso no roteiro são os diversos alívios cômicos que o filme traz. Apesar de alguns poucos poderem ser visto como um exagero, são menos ainda os que se mostram fora de hora, o que faz o clima da película se manter estável em toda a sua duração.

Quanto às atuações, Jason Momoa se basta com seu ar bonachão e sua mais completa naturalidade na pele de um troglodito, o mesmo não pode ser dito de seu par submarino. A lindíssima Amber Heard, usando uma exageradamente ruiva cabeleira, é o incômodo em pessoa em seu papel de princesa Mera, prestes a se casar com o Rei Orm, mas que trama com Vulko o retorno do filho pródigo de Atlântida para impedir que uma guerra contra a superfície seja deflagrada. A atriz nunca mostrou de verdade sua latitude dramática em trabalhos anteriores, mas, aqui, ela parece intimidada, escondida debaixo de seu figurino verde, o que automaticamente impede que ela e Momoa estabeleçam qualquer tipo de química, apesar dos esforços mútuos. Já Nicole Kidman está impecável em seu papel de Rainha Atlanna, a atriz se encaixou muito bem no papel e leva sua leveza e equilíbrio no longa. Patrick Wilson vive o "vilão" e irmão do herói, Rei Orm, e também não decepciona no papel. Seu vilão tem identidade, tem autonomia e personalidade que nos leva da mais profunda emoção até um dos melhores alívios cômicos do filme (bem no finalzinho, haha).
Contudo, sendo épico e psicodélico, Aquaman chega para melhorar a nova na era DC. O filme é um festival de cores, criaturas e luzes, com direito a monstros e batalhas épicos embaixo da água. O diretor James Wan criou uma aventura totalmente colorida e visualmente sensacional e diferente de tudo que já tínhamos visto fez até hoje em filmes de super-heróis. A cena pós-crédito deixa em aberto uma possível aventura ainda mais intensa em uma sequência do longa, que pode ser confirmada em breve pela DC, dependendo do alcance da bilheteria do filme.

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