
Voltamos ao ano de 1995 para conhecer Vers (Brie Larson), uma guerreira do grupo de elite Starforce, responsável por defender a capital da raça alienígena Kree, Hala, dos constantes ataques dos Skrulls, rivais históricos. Aos poucos, pesadelos vêm à tona mostrando à personagem seu passado na Terra: aqui, ela era Carol Danvers, talentosa piloto da Força Aérea dos EUA.

Estreante em blockbusters, o casal Anna Boden e Ryan Fleck, conhecido por Half Nelson (2006) e Se Enlouquecer, Não se Apaixone (2010), coloca Danvers ao centro de uma guerra extraterrestre envolvendo disputa por território. Obviamente, como acontece em todas as contendas galácticas, o conflito acaba chegando à Terra quando a nave de Vers desaba em solo humano.
Aparentemente pouco à vontade com a farta quantidade de efeitos visuais exigidos por um filme desse porte — trata-se do 21º título do MCU e do penúltimo da Fase Três –, os diretores atingem seus melhores momentos quando enfatizam a busca de Danvers por identidade e seu espaço no cosmos. Isso envolve, além da descoberta e do aprimoramento de poderes ainda desconhecidos, deixados para o terço final do filme, uma intensa necessidade de entender e administrar a influência (nefasta ou positiva?) de mentores à sua volta: a Suprema Inteligência/Dra. Wendy Lawson (Annette Bening), o rosto que surge em seus sonhos, Yon-Rogg (Jude Law), comandante da Starforce e, por fim, Nick Fury (Samuel L. Jackson), funcionário da S.H.I.E.L.D. com quem a heroína tem suas melhores interações.

Brie Larson está confortável no papel e entrega uma personagem interessante. Sua Carol Danvers é durona e às vezes até um pouco arrogante na confiança em suas habilidades, mas é altruísta e possui carisma suficiente para carregar o filme. A química da atriz com Samuel L. Jackson gera excelentes cenas com Nick Fury, e é interessante vê-lo aqui como um personagem completamente diferente do superespião misterioso que estamos acostumados.
Há menos nostalgia noventista do que a encomenda prometia — fliperamas, bandas como Nirvana, Hole, No Doubt e R.E.M. na trilha, internet discada, rede de locadoras Blockbuster –, um indicativo de que o filme busca, de certa maneira, uma seriedade dramática e algo trágico para o que veremos a seguir em Vingadores: Ultimato. Se Capitã Marvel serve apenas como uma espécie de trailer das capacidades da super-heroína — o MCU claramente guarda o melhor para Ultimato –, fica a sensação de que Boden e Fleck poderiam ter arriscado mais em outras frentes, como o desenvolvimento dos personagens e os conflitos intergalácticos e existenciais que envolvem a protagonista.

Se existe um ponto fraco no filme, é sem dúvidas, algumas cenas de ação mal dirigidas. Daquelas que você não consegue diferenciar o golpe do herói e do vilão. Mas como um todo, o filme funciona para introduzir a heroína em um universo muito bem estabelecido. A Marvel, mais uma vez, conseguiu o que pretendia: apresentar uma heroína forte e decidida, que prepara o território e os fãs para os próximos eventos da linha do tempo do estúdio. E para nós, caros telespectadores, fica a pergunta (que logo será respondida): Carol Danvers, vulgo Capitã Marvel, será capaz de derrotar o grandioso vilão Thanos de uma vez por todas?

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