CRÍTICA | Matrix Resurrections (2021, Warner Bros.)


Diante de vários remakes, adaptações literárias e live-actions de qualidades bem duvidosas, Matrix Resurrections, quarto filme da franquia revolucionária criada por Lilly e Lana Wachowski, é uma continuação poderosa e um final justo para a história de Neo e Trinity, iniciada lá em 1999.

O ponto positivo do filme, é que ele consegue se reinventar sem se preocupar com coerências gramaticais e cenas épicas. O filme existe para se questionar sobre sua própria existência e sobre seu verdadeiro propósito em conseguir alienar tantas pessoas, ao redor do mundo, no começo do século.

Resurrections traz um novo Morpheus, vivido agora por Yahya Abdul-Mateen II, uma Niobe já envelhecida (ainda vivida por Jada Pinkett-Smith), além de Neil Patrick Harris como 'O Analista' e Jonathan Groff como o novo Agente Smith. Quanto a isso, o filme entrega qualidade em apresentar os novos rostos da franquia, mesmo que não sejam tão aprofundados. Porém, se engana quem acha que "é só mudar o rosto, mas manter a essência do personagem". É inegável a falta de profundidade textual e expressiva que o novo Agente Smith tem. Hugo Weaving, que viveu o personagem no original de 1999, foi e sempre será nosso eterno Smith. O calíbre entre a sanidade e a loucura que Weaving deu ao personagem, dificilmente será esquecida e também, dificilmente, será superada - ainda que Groff traga a sua roupagem.

Entre o elenco secundário, Yahya (Morpheus), Jessica Henwick (Bugs) e Priyanka Chopra (Sati) conduzem diálogos importantes e expositivos para o caminhar tranquilo da trama. Sati é a responsável por explicar ao público, a estratégia para o verdadeiro propósito do filme: salvar Neo e Trinity da nova Matrix. Talvez aqui, seja o ponto negativo do roteiro. Explicar tudo tão fácil assim, deixa de ser Matrix. A franquia é conhecida pelo seu complexo entendimento entre a realidade humana e a realidade virtual de programas de computador. Talvez, tenha ficado fácil demais para os roteiristas, entregarem de bandeja, a verdade sobre a Matrix e o por que ela deve acabar ou co-existir.

Neo (Keanu Reeves) e Trinity (Carrie Anne-Moss) reprisam seus papéis após 19 anos. E entre a facilidade que os roteiristas encontraram de explicar tudo ao público, o casal protagonista ainda consegue se sobressair em eletrizantes sequências de ação que mostram, de uma vez por todas, que existe amor na Matrix. É possível estar na Matrix e mesmo assim, se apaixonar e esperar um grande amor por décadas. É possível, quase destruir, uma realidade virtual por um grande amor.

Por fim, Matrix Resurrections é entretenimento na certa. Mesmo que não seja a sequência que muitos fãs, assim como eu, esperavam, o filme tem seu valor na franquia e renova, finalmente, o legado que Lilly e Lana Wachowski começaram há 23 anos.


nota do crítico:
8.0

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